ESTUDO | Comparativo de tintas à base de água e solvente

 

Diferentemente do que ocorre com as tintas de base solvente, as tintas à base de água têm um nível baixo de compostos orgânicos voláteis (VOCs, na sigla em inglês). Ótimo, mas e quanto ao desempenho? Além de menos poluente, essa tinta teria outras vantagens em relação à tinta à base de solvente – que ainda domina o mercado reparador brasileiro? Como seria sua produtividade?

Foi o que o CESVI BRASIL resolveu estudar. Os especialistas do centro desenvolveram um estudo comparativo entre os processos à base de água e de solvente, apontando as diferenças entre as quantidades de produtos utilizados e os tempos exigidos entre preparação e aplicação. O resultado? Você vai conferir agora.

O MÉTODO
O estudo foi realizado para um processo de pintura completa e na reparação de uma peça específica. O CESVI criou, para isso, uma metodologia que reproduzisse de modo fiel as condições encontradas numa oficina de funilaria e pintura.

As amostras da peça a ser reparada – pelo processo à base de água e pelo à base de solvente – tiveram as mesmas dimensões e características. Porque todo comparativo deve partir de um padrão.

Mas, então, como encontrar duas peças com o mesmo dano a ser reparado? Para isso, o CESVI criou um dispositivo capaz de provocar avarias padronizadas em todas as peças – de modo que os danos tivessem as mesmas proporções em cada amostra.

Foi realizado um total de 48 processos de pintura de peça nova e pintura em peça reparada, com a utilização de produtos de três grandes fornecedores. Os pesquisadores seguiram à risca todas as recomendações e informações técnicas fornecidas para o uso das tintas – de modo a garantir a melhor eficiência e resultado em cada modelo.

Foram adotadas as quatro cores mais usadas no mercado brasileiro: branco, preto, prata e vermelho. O profissional que aplicou as tintas foi sempre o mesmo – para que não houvesse um desvio de padrão associado ao estilo de trabalho do pintor.

TEMPO
Além dos processos de preparação da superfície e aplicação da tinta, o CESVI mediu ainda os tempos de limpeza dos equipamentos usados.

MEDIDAS
A medição dos componentes utilizados tomou como base de valores os volumes em mililitros aplicados na área – especificada em metros quadrados.

Para a obtenção destes valores, foram utilizadas fórmulas de densidade. O objetivo foi especificar o volume das bases, usando balanças de precisão, para mensurar os valores em gramas de cada um dos componentes das formulações.

Foram tabuladas as quantidades das bases, verniz e primer para o processo comparativo – tanto na etapa de pintura de peça nova quanto na de peça reparada. Confira a seguir os resultados.

CONSUMO DE BASES
Para o processo de pintura de peça nova, foram obtidas as seguintes médias de consumo de bases:
Base de água – média de 153,01 ml/m²
Base de solvente – média de 206,33 ml/m²
CONCLUSÃO: Base de água tem consumo 25,84% menor
Para o processo de pintura em peça reparada, os resultados foram:
Base de água – média de 475,53 ml/m²
Base de solvente – média de 537,83 ml/m²
CONCLUSÃO: Base de água tem consumo 11,58% menor

CONSUMO DE PRIMER
Aqui, o resultado foi igual. A pintura à base de água não precisa de um primer específico, de modo que o mesmo produto foi aplicado nas duas linhas.

Os volumes médios mensurados foram de 191,03 ml/m2 na fase de pintura de peça nova e 202,53 ml/m2 na fase de pintura de peça reparada.

CONSUMO DE VERNIZ
A aplicação do verniz também não apresentou diferenças, sendo usado o mesmo produto nas duas linhas. Na fase de reparação, a aplicação se deu na peça quase completa, cobrindo uma área de 0,72 m2.

Os volumes médios de verniz foram de 242,61 ml/m² para pintura de peça nova e de 107,47 ml/m² para a pintura de peça reparada.

TEMPOS OBTIDOS
Aqui, temos uma novidade interessante. Os tempos obtidos apresentaram pouca variação entre as duas linhas de produto.

Isso desfaz o mito de que o processo à base de água leva muito mais tempo para ser aplicado e curado.

Confira os resultados:
Pintura de peça nova à base de água – 6,56 horas decimais.
Pintura de peça nova à base de solvente – 6,46 horas decimais.
CONCLUSÃO: Diferença de apenas 1,5% em favor do solvente
Já para a pintura de peça reparada, tivemos um tempo médio de:
Pintura de peça reparada à base de água – 6,55 horas decimais.
Pintura de peça reparada à base de solvente – 6,46 horas decimais.
CONCLUSÃO: Diferença de apenas 1,3% em favor do solvente

CONCLUSÕES DO CESVI
Neste estudo, o centro de pesquisa concluiu que o processo de pintura à base de água – tanto para peça nova quanto para peça reparada – apresenta uma série de vantagens em seu processo de preparação e aplicação.

Veja a seguir as constatações do estudo:
Em comparação com as tintas à base de solvente, precisa-se de uma quantidade menor de produto à base de água para cobrir a mesma área da superfície.

Não há diferenças significativas entre os tempos de trabalho nos dois processos: é pouco mais de 1% em favor do solvente.

Existe compatibilidade entre sistemas. Automóveis pintados com produtos à base de água podem ser repintados com produtos à base de solvente – e vice-versa.

O tempo de vida dos produtos à base de água é maior, e as tintas não utilizadas podem ser armazenadas em recipientes para serem usadas futuramente (considere que o tempo de vida dos produtos mesclados com o ativador oscilará ao redor de três meses, podendo variar de acordo com a marca).

O estudo do CESVI comprovou: o processo à base de água apresenta um resultado final surpreendente, com ótima qualidade de acabamento, e um processo de aplicação fácil e rápido, com tempos muito próximos aos da pintura à base de solvente.

A oficina que ainda não experimentou essa opção deve refletir sobre essa possibilidade. Precisando de informação e orientação técnica para essa mudança, sabe que pode contar com o CESVI BRASIL.

INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS
Para entrar no mundo ambiental e de qualidade, serão necessários investimentos como:
• Pistola de pintura específica
• Lavadora de pistola de pintura
• Cabine de pintura ou adequação da cabine existente
• Venture (sopradores de ar)
• Local para armazenamento das bases com temperatura ambiente
• Treinamento

TEXTO: Gerson Burin e Luiz Marcos Gonçalves Júnior

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