Quando discutir valores com a seguradora

 
É preciso ter uma gestão eficiente antes de reivindicar aumentos no valor da hora trabalhada
 
Os valores de mão de obra pagos pela seguradora sempre foi ponto de divergência entre companhias, sindicatos e oficinas. Quem já é dono de oficina há mais de sete anos (ou talvez um pouco mais) sabe que no passado as margens eram muito maiores – e, na proporção, os controles eram muito menores.
Muitas oficinas ganhavam e ao mesmo tempo gastavam muito dinheiro. Mas, aos poucos, as seguradoras começaram a se preparar, a se informatizar e a exigir mais das oficinas. A relação então se tornou desequilibrada, pois as companhias estavam com todos os números na mão, enquanto as oficinas não tinham nenhum processo de informatização e muito menos de gestão.
Foi o momento em que a tecnologia “engoliu as oficinas”. Aquele paraíso já estabilizado estava desmoronando. O despertar para a informatização e para a importância da gestão nas oficinas acabou acontecendo um pouco tarde. Na época, muitos chegaram a acreditar que o fim teria chegado.
Até aquele momento, a gestão era feita conforme a cabeça do proprietário e sua forma de dirigir a empresa – que não dava mais o resultado que ele tinha antes. Alguns então se arriscaram em sistemas de orçamentação eletrônica e de gestão; investiram em maquinário, mas não se prepararam para receber os computadores e nem os sistemas. É claro que esse desequilíbrio criou muitos problemas e dúvidas para as oficinas.
 
Mal necessário
Quem passou por tudo isso hoje já consegue ver com mais clareza que não havia mesmo outra opção. Ou era assim, ou era assim, ainda que alguns tenham pagado um preço muito alto por não se prepararem. As margens diminuíram, e a seguradora “apertou o cinto”. Por isso, passou também a exigir maior gestão no negócio da reparação.
Olhando hoje para as oficinas, de uma forma geral, ainda nos perguntamos se elas estão realmente preparadas para reivindicar aumento no valor-hora, pois, para que isso aconteça, é necessário que a empresa tenha controle de tudo, que realmente tenha os números na mão e mostre para a seguradora que o aumento é um passo a mais nesse processo de ajuste entre companhia e oficina. Na prática, a maioria das oficinas não tem controle sobre esses números (apesar de algumas dizerem que têm); outras resistem em mostrar os números como eles realmente são, com receios desnecessários.
 
Aproveite o momento
Oficina cheia nem sempre é sinônimo de resultado, mas, com os controles, torna-se o primeiro passo para que a oficina seja um bom negócio para render dinheiro. O Brasil receberá um investimento aproximado de US$ 11,2 bilhões nos próximos três anos. Com tanto investimento, é inevitável que haja uma explosão nas vendas e na produção. Trata-se aqui de um aumento da capacidade de produção, inovação tecnológica, novos processos e produtos nas montadoras até 2012. A projeção é de que a capacidade produtiva aumente para 4,3 milhões de unidades/ano.
Como transformar esse despejo de veículos nas ruas em oportunidades para nós? As oficinas independentes já estão recebendo os carros lançados em 2009, 2010 e 2011, e a tendência desses veículos novos serem encaminhados para elas, em vez das concessionárias, está aumentando a cada mês. Sabemos também que marcas como Hyundai, Corolla, Honda, entre outras, já fazem parte do dia a dia das reparadoras. São informações importantes para que a sua empresa esteja em constante atualização e gere negócios positivos.

O que é preciso
O que move um negócio é o seu produto. A oficina tem como produto principal o veículo. Aumento de frota significa mais carros circulando e mais probabilidade deles colidirem. Carros colidindo significa “oportunidade”. O mercado aquecido na venda de veículos novos, frota circulante aumentando em proporção geométrica e a economia caminhando nos passos atuais são fatores que farão com que as oportunidades apareçam na mesma proporção: Oportunidade de aumento de veículos, oportunidade de novos veículos nas ruas e indo às oficinas, oportunidade de aumentar o ganho e melhorar a margem.

 

Entre as mudanças necessárias, diminua o tempo de
permanência dos carros dentro da oficina

 

É o momento de colocarmos em prática tudo o que ouvimos e sabemos, mas não praticamos. É hora de iniciarmos um processo concreto de gestão.
Buscar o aumento de veículos é fundamental na sobrevivência da oficina, mas não vamos esquecer que oficina lotada não significa resultado.
É preciso fazer com que nossas oficinas aproveitem o momento, apliquem a gestão e:
Aumentem o volume de carros, sem aumentar o quadro de colaboradores.
– Diminuam o tempo de permanência do carro dentro da oficina.
– Aumentem a venda de particulares (nas funilarias).
– Acertem melhor os orçamentos (que vendam melhor).
– Diminuam o número de diferença de preço na compra e venda das peças.
– Ajustem as rotinas e os procedimentos internos.
– Façam reuniões, muitas reuniões com os colaboradores (reuniões de 5 minutos).
 
A hora certa
Tenho certeza de que, com a conquista de um controle eficiente sobre seus números e um modelo de gestão implantado, a próxima etapa será reivindicar um aumento no valor-hora, comprovado por meio dos levantamentos e dados da oficina. Pode parecer que a seguradora quer “matar” a oficina, mas não se trata disso. Prefiro acreditar que, com a transparência da oficina, a confiabilidade da seguradora aumenta, e o caminho para a melhora no valor-hora fica menor e mais fácil.
Acredite que sem gestão não há solução!
 
Por Fábio Moraes

2 Comentários

  1. 13 de Abril de 2016  15:15 por Ramon Martinez Responder

    Tenho oficina a 25 anos e simplesmente cortei a prestação de serviços para seguros pois não é possível ter lucro trabalhando para eles.
    Notas fiscais que demoram até 3 meses para serem pagas, fornecimento de peças sem margem de lucro,
    preço hora simplesmente fora da realidade do mercado não se consegue contratar profissional com o valor hora pago pela seguradora.
    Aquele que aventurar-se a trabalhar para seguradora não terá lucro, apenas trabalhará em vão, vai arrumar problema com o cliente e vai assumir o conserto do veiculo simples assim.

  2. 12 de julho de 2013  13:44 por ANSELMO FOSTER Responder

    Caros amigos, com as seguradoras fica difícil, pois ela não admite a causa social, alem de que nesse tipo de reparação automotiva a oficina estará sempre sujeita ao retrabalho, pois independentemente da qualidade do serviço, a sensibilidade do proprietário do veículo é de sobremaneira relevante. As seguradoras trabalham exclusivamente com números e elas próprias determinam o custo da hora trabalhada, e nesse caso, fica sem lógica a aplicação das fórmulas e dados para cálculo do custo da mão de obra pela oficina, já que a seguradora considera um "padrão" de funcionamento, independente do contexto e sem se importar com a causa social da empresa, onde a operação é insalubre e temos ainda, as normas ambientais regionais, que hoje são ou se tornarão a provável fonte de impedimento do negócio, com as normas cada vez mais inatingíveis. Por fim, as operações administrativas ficam ao comando das seguradoras, e assim nivelando os serviços pelo patamar inferior, e sem estimular a reparação consciente, onde na verdade, o maior lucro deve estar na recuperação das peças e não na substituição, criando assim um novo elemento decisivo no âmbito do negócio, uma vertente ecológica, com apelo social, visando melhores salários e condições humanas de trabalho alem de proporcionar considerável economia para todo o sistema, tendo ainda como consequência o apelo ecológico, tão importante hoje em dia.

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