Orçamentista capacitado é profissional raro nas oficinas. Mas deveria ser indispensável
Por Ricardo Nogueira – Constar E Marcos Carvalho – CESVI Certificação
Na década de 1980, era comum que o orçamento de um veículo com dano entre médio e grande levasse até três dias para ficar pronto. Hoje, numa oficina referenciada por uma seguradora, vistoria e orçamento são feitos assim que o veículo batido chega à oficina. Com a aprovação, o reparo já pode começar aproximadamente duas horas após a abertura do sinistro.
O que mudou de lá para cá? Surgiu a figura do orçamentista, um profissional dedicado especificamente a analisar os danos no carro e traduzi-los em valores.
Antigamente – e é o que ainda acontece em muitas oficinas – o orçamento acabava sendo feito pelo próprio dono da reparadora, que geralmente não tinha as competências necessárias para a função. E, quando falta capacitação, sobram problemas: atrasos, conflitos com as seguradoras, retrabalho, insatisfação dos clientes…
Um caso típico de perda de produtividade ligada a uma avaliação mal feita na hora do orçamento: Profissional indica a recuperação de um capô que se encontra em situação incorrigível. E ,quando começa o reparo, o funileiro aponta a necessidade de troca da peça. É o que basta para o prazo ficar comprometido. O carro ficará ocupando um boxe da oficina, aguardando nova vistoria da seguradora, aprovação, entrega da peça…
Quando o orçamentista é eficiente, o carro entra para o reparo já com lucro definido para a oficina.
Perfil do craque
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Ter noções de fotografia é importante para
evitar problemas nas análises |
Qualquer colaborador da oficina pode se especializar no orçamento. Mas tudo melhora se ele tiver um perfil de bom negociador, seja organizado, tenha velocidade na execução de tarefas e – muito importante! – profundo conhecimento do processo de reparação. Conhecimentos de informática e fotografia também são desejáveis. Se não tiver, precisará desenvolver.
Claro que ele não precisa ser um J.R. Duran, mas um mínimo de habilidade com a câmera é fundamental. Uma foto sem foco pode dificultar uma análise e, por exemplo, dar a impressão de que um dano de grande proporção é apenas um dano leve. Prejuízo para a oficina, que vai receber menos pelo trabalho.
Mas a base da sua formação precisa mesmo ser a técnica de reparo automotivo. Isso envolve saber quais insumos são aplicados, quais os tempos de reparo, quais as diferenças entre os tipos de danos, as formas de acesso aos danos (para saber quando o reparo envolve um dano de acesso complicado). O conhecimento técnico ainda deve abranger o funcionamento do motor, a suspensão e a parte eletrônica do veículo.
Números explicam a diferença
Segundo um levantamento feito pela área de consultoria do CESVI, menos de 2% das oficinas que já passaram pela avaliação do centro possuíam orçamentistas capacitados, que conseguissem combinar conhecimento técnico, habilidade no uso do sistema eletrônico e bom relacionamento com colaboradores e clientes. Entre os exemplos das disparidades que um profissional sem treinamento é capaz de provocar, um mesmo serviço foi vendido em uma oficina por 550 reais e, em outra oficina de uma mesma rede, por 4.500 reais.
No primeiro semestre de 2010, uma concessionária revelou ao CESVI números que comprovam uma notável evolução em seus valores médios de mão de obra. O que estava na faixa de 930 reais subiu para 1.636 reais após a efetivação de um orçamentista capacitado. O que prova a valorização das reparadoras que contam com um bom profissional para a função.
Amigo da tecnologia
Hoje em dia, quando se fala em orçamento na oficina, se pensa imediatamente nas ferramentas eletrônicas para o serviço – como o Órion. O orçamentista precisa passar por uma capacitação que lhe permita explorar ao máximo os recursos desses sistemas, que realmente facilitam sua vida.
Com um sistema de orçamentação eletrônica, o profissional consegue realizar um orçamento sem ter que ligar para a concessionária, para descobrir preços de peças – os valores já entram automaticamente no orçamento. O catálogo do sistema ajuda a identificar detalhes do veículo, como suportes, reforços e a forma como algumas peças são fornecidas. Um recurso e tanto, já que é humanamente impossível ter todos os detalhes de cabeça quando se trata de centenas de modelos, com milhares de itens.
Ainda com o sistema, o profissional consegue fazer orçamentos para qualquer seguradora que utiliza um sistema de transmissão.
Bom para a oficina, bom para a seguradora
A oficina tem um salto de qualidade quando passa a contar com um bom orçamentista. O que é bom para ela, para a seguradora e proprietários de veículos. Aumentam a qualidade e a quantidade de vistorias transmitidas, diminuem os tempos dos reparos e de permanência dos veículos na oficina. Caem os problemas com auditoria, enquanto aumentam a lucratividade e o ticket médio da reparadora.
Para a companhia de seguros, saber que há envolvimento de um orçamentista capacitado é uma tranquilidade e uma segurança. A companhia vê diminuírem seus custos totais por sinistro daquela oficina, assim como os gastos com carro reserva para o cliente. E a própria relação com seu segurado tende a ser melhor, já que há menos atrasos (consequentemente, menos reclamações). Oficinas parceiras com bons orçamentistas contribuem, portanto, para a renovação do contrato do cliente.
Confiança na parceria
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Salvador Moreno, gerente de funilaria e
pintura do grupo Caltabiano |
O grupo Caltabiano é um exemplo de valorização do papel do orçamentista. O grupo conta com uma central de funilaria e pintura, para onde seguem todos os carros batidos que chegam às lojas da rede. Na central, há dois orçamentistas, mas cada unidade tem o seu, para o pronto-atendimento ao dono do carro. Por essa central, passam cerca de 380 carros por mês.
“Nós costumamos buscar profissionais já capacitados para a realização dos orçamentos, e ainda lapidamos a pessoa aqui dentro, sempre mandando para treinamentos e atualizações”, afirma Salvador Moreno, gerente de funilaria e pintura da Caltabiano.
Segundo Salvador, o fato de contarem com orçamentistas especializados faz com que a relação com as seguradoras seja de absoluta confiança. “Dependendo da companhia, nós mesmos fazemos as fotos e a análise do sinistro, e eles não precisam mandar um vistoriador vir até aqui. Como eles acabam economizando uns 300, 400 reais, que pagariam para a empresa de vistoria, temos condições de negociar uma mão de obra um pouco melhor. E o processo fica muito mais rápido.”
Treine o seu profissional
O CESVI lançou um treinamento específico para a capacitação de orçamentistas. Informações com Sandra Freitas: (11) 3948-4836,
sfreitas@cesvibrasil.com.br