A manutenção preventiva dos equipamentos da oficina, em particular das cabines de pintura, contribui notavelmente para a rentabilidade do negócio. Na tentativa de se alcançar uma melhor qualidade do ar, é de extrema importância que se tenha, no interior da cabine, um ar isento de partículas sólidas que possam aderir à pintura durante o tempo em que o veículo permanecer em seu interior. Essas partículas são consideradas defeitos de pintura, exigindo polimento das peças pintadas e retrabalho.
Portanto, para se obter um bom funcionamento das cabines, é preciso fazer a limpeza das paredes, das grades do piso e a proteção das lâmpadas, manter em perfeito estado os sistemas de fechamento e vedação de portas, as turbinas de extração de pó e o queimador de gás, além de um controle rigoroso na substituição dos filtros de ar da cabine.
Ou seja, a manutenção de uma cabine não deve se limitar apenas à troca de filtros. Todos os outros componentes devem seguir uma regra de substituição. O procedimento que você lerá a seguir é válido para qualquer cabine de pintura automotiva, independentemente do sistema de aquecimento (diesel ou gás).
PAREDES E PROTETORES DE LÂMPADAS
Nas paredes da cabine são depositadas pulverizações de tinta (overspray), que com o tempo acabam diminuindo a luminosidade no interior da cabine. E algumas dessas partículas podem se soltar das paredes, indo parar em partes do veículo quando ele estiver sendo pintado. Para evitar esses inconvenientes, essas paredes devem ser limpas a cada 15 dias, e é necessário aplicar produtos para proteção.
Algumas oficinas utilizam líquido de mascaramento nas paredes da cabine, um tipo de proteção que costuma dar problema: como a remoção do líquido de mascaramento é feita com água, isso pode danificar a parte elétrica e as junções de emendas da cabine, provocando corrosão e danificando as partes que contêm selantes. (Levando em conta que os vidros de proteção das lâmpadas não recebem nenhum tipo de proteção justamente para não haver perda de luminosidade na cabine.)
Veja alguns produtos que existem para a limpeza das cabines:
• Verniz pega-pó
• Plástico protetor, específico para cabine (filme plástico)
• Panos de proteção (sistema Dirt Trap)
MANUTENÇÃO DE GRADES DE PISO E FOSSO
O piso da cabine de pintura geralmente é constituído de grades metálicas. As partículas de tinta que não se depositam sobre os veículos são expulsas para os filtros por meio de seu sistema de pressão. Contudo, algumas ficam impregnadas na grade do piso, o que demanda uma limpeza periódica das grades.
Já o fosso é o ambiente de armazenagem dos resíduos que foram gerados durante o processo de pintura, e requer cuidados especiais. Todo resíduo deve ser recolhido e destinado a empresas registradas em órgãos ambientais que façam a incineração adequada.
SISTEMA DAS PORTAS
Para evitar a perda de calor, que gera maior custo no aquecimento, e a perda de pressão dentro da cabine, é fundamental manter as borrachas bem conservadas, observando seu estado a cada seis meses. No caso de borrachas ressecadas, a substituição deve ser feita de imediato.
MOTOR E DUTOS DE AR
Os dutos de ar devem ser limpos com aspirador de pó, uma ou duas vezes ao ano, para assegurar uma boa circulação de ar pelo sistema. O excesso de sujeira pode provocar o aquecimento e diminuir a vida útil do motor e dos filtros de ar. A tensão das correias deve ser controlada periodicamente. Quando flexionadas, as correias não devem ultrapassar 2 cm de flexão. Caso estejam deterioradas, é preciso fazer a troca.
QUEIMADORES E CHAMINÉS
A manutenção dos queimadores e chaminés deve ser feita por profissionais especializados. Para o controle da quantidade de fumaça e da formação de fuligem, é recomendável verificar a presença de ar nos tubos de condução de combustível do queimador (caso de aquecimento a diesel), pois ar no sistema de alimentação provoca um funcionamento irregular do queimador. Torna-se necessário fazer a purga do ar existente nos tubos. A manutenção desses equipamentos deve acontecer uma vez ao ano.
FILTROS
As cabines de pintura têm três tipos de filtros:
• Pré-filtros ou antefiltros: Ficam na entrada da turbina (motor de aspiração) onde realizam a pré-filtragem do ar que entra. Esses filtros vão influenciar diretamente no tempo de vida útil dos filtros de teto, os que efetuam o segundo estágio da filtragem do ar. Para evitar um mau funcionamento deles, os pré-filtros devem ser substituídos depois de 400 horas ou a cada 3 meses, e nunca devem ser limpos com aspirador de pó ou lavados, pois a estrutura do meio filtrante é modificada nesses procedimentos, alterando suas características de eficiência e vazão de ar.
• Filtros de teto: Fazem a filtragem mais exigente, assim como uma distribuição do ar mais uniforme por toda a cabine. No caso da saturação dos filtros de teto, pode ocorre perda de pressão dentro da cabine, prejudicando o seu funcionamento. Sua substituição deve ocorrer anualmente ou a cada 600 horas de trabalho.
• Filtros de piso: São responsáveis por reter a névoa de pulverização de tintas durante o processo de pintura dos veículos. Sua saturação pode gerar um aumento na pressão interna da cabine de pintura, que por sua vez provocará uma turbulência nas névoas de pulverização. Para evitar a dispersão das partículas de tinta gerada na aplicação, é importante fazer a troca dos filtros do piso a cada 30 dias (ou 200 horas trabalhadas), antes que ocorra a sua saturação.
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Lembrando que as oficinas devem se atentar às regulamentações das normas ambientais, buscando diminuir a quantidade de VOC (compostos orgânicos voláteis). É para isso que algumas cabines incorporam filtros com carvão ativado.
Para conseguir um funcionamento correto dos exaustores, é recomendável substituir seus filtros de carvão ativado a cada 500 horas trabalhadas, ou a cada cinco meses.
TEXTO: Francisco Carlos Fernandes Assunção